Katherine tem, em casa, a maior das motivações. Filha de Giovanni Vescovi, o melhor enxadrista brasileiro da atualidade, a menina começou desde cedo a brincar com as peças do tabuleiro. Aos 8 anos, quis levar aquilo mais a sério. Passou a treinar ainda mais e a competir para valer, em torneios da sua categoria. Hoje, tem por trás o patrocínio de uma grande multinacional do setor de eletrônicos e não faz ideia de quantos troféus tem em casa.
- O xadrez é muito legal, tem um ambiente muito bom. Você viaja muito, encontra outras crianças e sempre brinca com elas depois das competições. Consegue interagir bem – diz a menina.
No exterior, participou de competições na Argentina, na Bolívia, na Grécia e na Turquia, país que gostou mais de conhecer. Já participou de dois Mundiais e vai para o terceiro em novembro deste ano, em Caldas Novas, Goiás. Sua meta, no entanto, é participar das Olimpíadas do Xadrez, no ano que vem, em Istambul.
- É o que eu quero mesmo. Não sei explicar o por que. Também seria uma das únicas vezes que estariam pai e filha no mesmo torneio – disse, explicando que, na competição, não há diferenciação entre as categorias.
Katherine e o pai, Giovanni Vescovi: lições em casa (Foto: João Gabriel Rodrigues )
Katherine lembra de uma vez, não sabe ao certo onde, em que quase precisou enfrentar o pai durante uma competição. “Ia ser estranho”, admite. Giovanni, no entanto, ressalta que nunca fez pressão para que a filha seguisse o seu caminho.
- Eu nunca pressionei a Katherine a jogar, mas sempre disse que, se ela quisesse, precisava levar a sério. Quando ela resolveu que era isso o que queria, contratamos um professor, porque não daria para eu mesmo ensiná-la. E ela seguiu em frente – afirmou.
A menina também tem outros sonhos. Quer estudar medicina, nos Estados Unidos. E acredita que o xadrez poderá ajudá-la nisso também.
- O xadrez também dá muitas oportunidades na vida. Lá fora, ajuda bastante nas faculdades – garante.
Seu maior desejo, no entanto, é ser a primeira mulher nascida no Brasil a se tornar uma Grande Mestre Internacional de Xadrez, maior título concedido dentro do esporte. No país, apenas 11 enxadristas têm essa honra no currículo.
- Eu vou ser a primeira – garante, pouco antes de perguntar ao seu pai quantos anos ele tinha quando alcançou a conquista.
Na escola, a facilidade em fazer contas costuma gerar problemas a Katherine. Mais rápida de sua turma, recebe broncas dos professores por estar desenhando ou com o olhar perdido quando os outros alunos fazem a tarefa. Alguns outros pegam no seu pé pelas faltas excessivas quando está em viagem para disputar algum torneio.
- Mas a diretora já avisou que não tem problema. Seria injusto se eu fosse reprovada por faltas.
Inquieta, Katherine tem o sorriso largo e a conversa fácil. Giovanni afirma que a falta de concentração é justamente o maior problema da filha. Diz que seu outro pupilo, também Giovanni, de 8 anos, é mais dedicado. Para Katherine, no entanto, o detalhe que precisa corrigir é outro.
- Preciso perder meu medo. É a pior coisa que tem. Todo mundo acaba dizendo que eu tenho medo de tal adversário e eu acabo tendo mesmo. Preciso perder esse medo.
Fonte: Globoesporte.com
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